1- Hoje, não seria tanto de escrever, mas de ficar estarrecido, por um lado e de religiosamente impactado, diante da grandeza da vida e da paixão do Senhor. Vejamos: 1.1- Ele é traído por um dos seus discípulos, julgado pifiamente pelos homens do templo ou do sistema religioso de então, e, executado pelo poder dominante: o romano. Para estes, o lema era: “Fiat justitia etsi pereat mundus” (Faça-se justiça, mesmo que pereça o mundo). Mas, no caso, onde, se deveria admitir: “Justitia semper suprema lex esto”, infelizmente, aconteceu o contrário, se tornou a suprema injustiça. Como? Fizeram Jesus carregar a cruz para o Calvário. Inocentemente, trocando-O por um assassino, no caso, Barrabás. Traído por Judas (um dos apóstolos). Como? Mediante um sinal. Qual? O do beijo. Gesto convencional de amor e de respeito, de gratidão, no caso, infelizmente – da pior traição. Repito: vergonhosamente, traído por Judas e imitado pelos demais, chegando um mesmo, a fugir nú (Marcos?). E Pedro? Este, despudoradamente, se envergonhou do Mestre, diante de uma inofensiva empregadinha (não é bulling). E dos sumos pontífices, que direi? Grandes patifes desalmados. Contudo, a natureza gemeu de dor: o véu do templo se rasgou de alto a baixo e muitos mortos ressuscitaram. O galo cantou, envergonhado, três vezes, diante da nada patética atitude de Pedro, afirmando: “Não conheço este homem”.
2- De outro lado, vemos Jesus: calado, amoroso, com toda a sua dignidade, chegando a suar sangue, além de carregar uma coroa de espinhos.
3- Mas, quem está, de fato, atrás de tudo isto? Nós! os pecadores de todos os tempos. Nós, os salvando, de hoje, de ontem e de sempre. Repito: o Mestre não acusa e nem usa seu poder. Cala. Pede ao Pai clemência, garantindo ao ladrão arrependido, a obtenção da salvação (ainda hoje estarás comigo no Paraíso).
4- Mais uma vez, afirmo: diante do que vimos e ouvimos, não nos cabe fazer longos discursos, mas recorrer à introspecção. Para a conversão, assumindo, assim, mais e melhor nossa vocação e missão.
5- O que o Domingo de Ramos ou da Paixão nos tem a dizer, hoje? A exigir? A pergunta é minha, a resposta é de todos.
+ DOM CARMO JOÃO RHODEN, SCJ
Bispo Emérito de Taubaté- SP