Lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt23, 8)

1- A vivência da CF, não deve impedir, nem dificultar o aprofundamento do sentido da Quaresma e da Semana Santa, ou seja, da preparação pascal, da ressurreição do Senhor. A ressurreição é central no cristianismo. Sempre. Mas, ao seu redor, giram verdades, como as da fraternidade e solidariedade. Ninguém pode entender, melhor, a Páscoa, do que aquele que aprofunda a vivência do mistério da morte e da ressurreição do Senhor, indo mais ao encontro dos irmãos e irmãs, mormente, dos mais necessitados, e depauperados.

2- Paternidade e fraternidade são termos correlatos. Jesus, não veio, apenas, fundar uma nova dimensão religiosa: veio edificar o Reino de Deus. Dele, Jesus falou muitas vezes. Portanto, não há verdadeiro culto cristão, quando não houver verdadeira solidariedade fraterna. Quem rezar o “Pai Nosso”, está, também, falando em “fraternidade nossa”, em “solidariedade entre nós”.

3- O mundo atual é muito egoísta e materialista, pois é produto de uma visão depauperante do Evangelho e da prioridade do material sobre o espiritual. Nós defendemos uma imanência, mais plena e uma transcendência mais eficaz. Cabe-nos, portanto, nunca esquecermos que somos edificadores do Reino de Deus, no aqui e no agora. Por isso, a CF não deve ser, apenas, um título para a Quaresma, mas uma atitude constante dos que querem vivenciar o Evangelho. Na Quaresma, olhando para a vida e o testemunho de Cristo, a solidariedade, deve saltar aos nossos olhos, de modo mais eficaz.

4- A coleta da CF, acontece no Domingo de Ramos, mas não se esgota nele. 2.1- Lembro o Evangelho de Mateus: “Tive fome e me deste de comer; tive sede e me deste de beber; estive enfermo e me visitastes; nu e me vestistes; peregrino e me acolhestes...” (Mt 25, 31). Não devo, porém, esquecer que Jesus, também, chamou de “malditos” aos que forem insensíveis a esta mensagem. A decisão é nossa. É minha, é sua.

+ DOM CARMO JOÃO RHODEN, SCJ

Bispo Emérito de Taubaté- SP